nirvana

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te love

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Eu passei os meus dedos pela página, sentindo as marcas onde ele havia pressionado a caneta no papel com tanta força que ele quase rasgou. Eu podia imaginá-lo escrevendo isso - desenhando as letras raivosas com a sua escrita áspera, riscando linha após linha quando as palavras saíam erradas, talvez até fazendo a caneta quebrar em sua mão grande demais; isso explicaria as manchas de tinta.
Eu podia imaginar a frustração fazendo as sobrancelhas dele se apertarem e enrugando a sua testa. Se eu estivesse lá, eu teria sorrido. Não tenha uma hemorragia cerebral, Jacob, eu teria dito a ele. Bota tudo pra fora logo.
Rir era a última coisa que eu tinha vontade de fazer enquanto relia as palavras que eu quase já tinha memorizado. A resposta dele ao meu bilhete de alegações - passado de Charlie pra Billy pra ele, exatamente como na segunda série, como ele apontou - não era surpresa. Eu já sabia a essência do que ele ia dizer antes de abri-lo.
Com gelo em meu coração, eu o assisti preparar-se para me defender. Sua intensa concentração não traía sinais de dúvida, apesar de ele estar em maior número. Eu sabia que nós não podíamos esperar por ajuda - nesse momento, a família dele estava lutando por sua vida tanto quanto certamente ele estava pelas nossas.
Eu alguma vez descobriria o resultado daquela outra luta? Descobriria quem foram os vencedores e os perdedores? Eu viveria o bastante para isso?
As probabilidades disso não pareciam muito grandes.
Olhos negros, loucos com sua ânsia feroz pela minha morte, vista no momento em que a atenção do meu protetor se desviasse. O momento em que eu certamente morreria.
Em algum lugar longe, longe na floresta fria, um lobo uivou.

terça-feira, 15 de junho de 2010